
Renata e Helô . Ao fundo , eu!
Meu avô era muito inteligente e esperto: nada como uma pessoa bem parecida com a gente para se dar bem com a gente.
Resumindo a história , até que isso pode dar certo e, se formos mais pragmáticos do que apaixonados , esta escolha é a mais acertada.
Não é casamento, mas eu sempre tive , em alguns dos meus vizinhos, amigos mais que queridos. Sem trânsito para atrapalhar o relacionamento, a coisa flui bem melhor.
É claro que tive e tenho muita raiva e indignação com vizinhos no mínimo inadequados. Com esses eu não casaria! De jeito nenhum !
A minha história feliz de vizinhança começa quando eu era criança e morava na rua Alagoas, e na casa de baixo morava a Renata, a Renata do vizinho.
Ela era nossa íntima, queridíssima, tinha muita afinidade com as minhas irmãs e comigo. Quando meninas,todos os dias, no fim da tarde, ela , do topo da escada da cozinha, e a minha irmã Helô, da janela do seu quarto, conversavam interminavelmente. O assunto ali não acabava!
Mas a Renata, ainda bem mocinha , se casou. Casou e mudou. Nossas vidas seguiram seu rumo mas para completar a história, a filha da Renata mora no prédio vizinho ao do meu filho Gê . São vizinhos atávicos.

O filho da Renata e a filha da Renata
A Renata ,também mora no prédio da filha. Desconfio de que seja, apenas,para continuar sendo a Renata do vizinho!
Mudei algumas vezes, e, na Bandeira Paulista conheci a Lena.Foi um caso à parte. Uma amiga minha sugeriu, num jantar, que eu procurasse a Lena, pois ela morava no prédio em frente ao meu. Não tive dúvidas: liguei pra ela, que ficou meio ressabiada. Expliquei quem eu era e onde morava. Seu interesse foi instantâneo, pois, é claro que amiga que mora perto tem um valor inestimável ! Fora que é muito bom sermos disponíveis em momentos complicados ou deliciosos!.
Nesse prédio a Tânia era vizinha , vizinha. Ela no 73 e eu no 74. Ela fazia bolos deliciosos e deixava a porta da cozinha aberta, por causa do calor. Eu chegava do escritório e a via com o forno ligado, e como o Picapau do desenho animado, ia flutuando pela fumaça até ganhar um pedaço de bolo de ameixa e, sentada numa banqueta , conversávamos sobre como tinha sido o nosso dia.

Tânia e eu, madrinha
Um dia eu apresentei -a a uma conhecida como “ minha vizinha”. Depois a Tânia perguntou: “Não dava para me apresentar como amiga?” Este dia-a-dia fundamentou nossa amizade por anos, at é hoje, que apesar de morarmos perto mas não grudadas, continuamos amigas bem próximas.
Esse prédio foi um celeiro de amigas ! Muitas, muitas e queridas. Até da síndica , Vavi, sou chegada! Uma querida, Ana Lúcia, apesar de morarmos muitos tempo no mesmo andar, só depois de um conserto de encanamento, através de um buraco enorme na parede, passamos a conversar! Demos risada: precisamos de um cano furado para estreitarmos nossa amizade!
Eu, recém separada, fui morar em Higienópolis, com filhos pequenos. A Katia era minha vizinha de prédio Encontrávamos no playground. Seu marido sempre foi um gênio da computação, numa época em que, para rodar um programa, era preciso ficar horas dentro de uma sala, com uma máquina enorme, que mais parecia ser a vapor !

Katia e eu,lado a lado, nos prédios , lado a lado
A Katia tinha , por isso, várias janelas no seu horário e sempre gostou de sair. Nos encontrávamos para um café, uma prosinha, um cinema. Pois não é que na semana passada, fomos juntas ao Blue Note? Que delícia!
Beth foi vizinha que não mora do lado. Amiga desde a adolescência queridíssima companheira no correr da vida, desde nosso casamento, separação, filhos adolescentes, casamento deles, e netos. Só agora nos tornamos vizinhas: moramos pertíssimo, que apenas um par de tênis resolve a distância.
Agora moro numa vila, pequena, num lugar ótimo. Imaginem que pude ter um monte de vizinhas de uma vez só !

Nós todas, juntinhas

Os carros, lado a lado
Mas, vizinha, que até trocou chupeta por mochila, na minha casa? Para a troca combinada com a “fada” , ela chegou quietinha, tirou a chupeta da boca, deixou em cima da mesa e saiu andando bem devagarinho , sem olhar para trás . Dali meia hora , ela voltou. Glitter, presentes, a desejada mochila das Princesas, tudo isso à disposição! Afinal , a fada tinha cumprido a promessa ! Mas, não sei porquê, pela carinha dela, a troca não tinha sido muito favorável!
Essa menininha que vinha todo dia aqui em casa, chutava a porta porque não conseguia bater com a mão, virou um mulherão lindo, lindíssimo!
Hoje em dia, quando ouço algum barulho na vila, por uma mínima fração de segundo, acho que a Marcellinha veio me visitar…

Marcellinha e Luiza